"A cada trinta anos, desponta no mundo uma nova geração, pessoas que
não sabem nada e agora devoram os resultados do saber humano acumulado durante milênios, de modo sumário e apressado, depois querem ser mais espertas do que todo o passado (...) Não há nenhum erro maior do que o de acreditar que a última palavra dita é sempre a mais correta, que algo escrito mais recentemente constitui um aprimoramento do que foi escrito antes, que toda mudança é um progresso.

As cabeças pensantes, os homens que avaliam corretamente
as coisas, são apenas exceções, assim como as pessoas que levam os assuntos a sério (...) Por isso, quem quer se instruir a respeito de um tema deve se resguardar de pegar logo os livros mais novos a respeito, na pressuposição de que as ciências estão em progresso contínuo.

Nas ciências, cada um quer trazer algo novo para o
mercado, com o intuito de demonstrar seu valor; com freqüência, o que é trazido se resume a um ataque contra o que valia até então como certo, para pôr no lugar afirmações vazias. Às vezes, essa substituição tem êxito por um breve período, em seguida todos voltam às teorias anteriores (...) Mas, como inventis aliquid addere facile est (é fácil acrescentar algo ao que já foi inventado), é preciso conhecer também os novos acréscimos, depois que as bases estão bem estabelecidas.

Assim, em geral vale aqui, como em toda parte, a
regra: o novo raramente é bom, porque o que é bom só é novo por pouco tempo."

Arthur Schopenhauer (1788-1860), Parerga und paralipomena.

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