O Ancião

Naquelas noites
De viscosa e dolente calmaria
Ergueu sua voz cinzenta
Por entre os remotos juncos
E navegou
Escuro
Nas águas lentas
Do antigo e novo rio


Conduzindo a barcarola carcomida
Ao largo de passados vultos
Entreviu dias outros
Repletos do clamor e perfume
De brutais e banais batalhas

Foi quando

Traspassado por mil setas
Aspirou
Sem rancor ou compaixão
O sopro de seu tempo

Então
Naquele instante límpido
Fora da ação tangível das coisas

Tornou a ser o que fora antes
E não lograra ser jamais:


Uma idéia

Na própria imagem
Adormecida

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