
Canção de Alta Noite
Cecília Meireles*
Alta noite, lua quieta,
muros frios, praia rasa.
Andar, andar, que um poeta
não necessita de casa.
Acaba-se a última porta.
O resto é o chão do abandono.
Um poeta, na noite morta,
não necessita de sono.
Andar... Perder o seu passo
na noite, também perdida.
Um poeta, à mercê do espaço,
nem necessita de vida.
Andar... - enquanto consente
Deus que seja a noite andada.
Porque o poeta, indiferente,
anda por andar - somente.
Não necessita de nada.
*Cecília Meireles desenhada por Rico Rodriguez, artista cearense e universal.
Um comentário:
Heheh! Prezado Amigo! Artista cearense ...ainda na peleja. "Universal"!!!???Putz! Mais ainda! Hehehe Valeu por ter prestigiado o croqui. Grande abraço!
Postar um comentário